terça-feira, 18 de junho de 2019

João José Aguiar Escultura de D. João VI



João José Aguiar
João José de Aguiar foi um distinto escultor português das últimas décadas do século XVIII e primeiras do XIX.

Nascido em Belas, vê o seu talento reconhecido precocemente, partindo para se formar em Roma aos 16 anos de idade. Distingue-se por ter sido aprendiz na academia do mais importante e célebre escultor da época, Antonio Canova. Regressa a Portugal, onde passa maior parte da vida a trabalhar na obra escultórica do Palácio Nacional da Ajuda, inicialmente como assistente e mais tarde assumindo a direção das mesmas. Falece com 72 anos em situação de pobreza. 

Umas das suas obras espelha os infortúnios que sempre o acompanharam, ainda em Roma, recebe uma encomenda régia portuguesa, um conjunto de cinco esculturas, consoante os padrões artísticos da época, louvando a rainha D. Maria I, as suas obras e o reino, destinado a ficar em frente à Basílica da Estrela, a obra sofreu desde logo invejas pela sua qualidade, posteriormente foi apreendida em Roma pelos invasores franceses, e quando chega a Portugal fica armazenado durante décadas, nunca chegando a ser colocado no local destinado até aos nossos dias. 



Escultura de D. João VI 



A sua obra-prima é realizada vários anos depois já estabelecido em Portugal, uma figura de D. João VI esculpida em 1823 para o Hospital da Marinha.


Representa o rei em corpo inteiro, apoiado no leme do governo trajado em uniforme, condecorado, de espada cingida, um manto de arminhos sobre os ombros, cabeça coroada por coroa de louros, símbolo de Apolo, com o corpo em movimento pela postura em contraposto.


Tal como a estátua da rainha D. Maria I, o realismo dá lugar ao simbolismo, com o escultor a atenuar as características físicas menos nobres do rei, principalmente na forma do corpo, mas também nas feições faciais.


Escultura D. João VI, 1823, João José Aguiar (1769-1841).
 Museu Nacional de Arte Antiga. Fotografia original