terça-feira, 10 de maio de 2016

Igreja de São Francisco, Faro

Vou tentar facilitar, deixar de parte os pontos mais científicos e conhecidos da história como são as datas e os nomes. Será uma análise da qualidade artística e da sua importância. 
Quem entra na Igreja de São Francisco de Faro é logo absorvido por uma belíssima obra de arte total. Curiosamente a entrada na igreja é a parte mais recente da igreja, este primeiro espaço corresponde à nave e é composta por pinturas e talha policromada a fingir marmoreados. As pinturas são das mais interessantes na cidade de Faro, pertencem ao estilo artístico conhecido por neoclassismo (Finais do século XVIII e inícios do século XIX) e são encomendadas em Roma pelo mais saudoso Bispo do Algarve. Um Bispo que é um mecenas das artes e traz para o Algarve um novo gosto artístico. É esse o estilo que podemos ver nas pinturas com cenas da vida de São Francisco, realizadas por dois artistas Romanos, destaco principalmente as figuras angelicais dos quadros no lado esquerdo, tocam instrumentos musicais e são de uma grande sensibilidade pictórica. 
O espaço central da Igreja, é um octogono, uma tipologia arquitectónica de grande erudição, realizada pelo principal mestre pedreiro (arquitecto) Algarvio no século XVIII. Espaço que conjuga ainda uma riqueza decorativa composta pela talha e o azulejo, as grandes artes portuguesas no período barroco. Os retábulos de talha dourada, os grandes arcos policromados e a cúpula... O que dizer da cúpula? Não sei, visitem, admirem e deixem-se estar. Todo um conjunto de talha rococó, único e que conjugado com os azulejos de períodos distintos, mas também de grande qualidade, torna este espaço num dos mais importantes da Arte Algarvia e um dos mais importantes do período rococó em Portugal.
O último espaço, composto igualmente por azulejos e talha, mas onde os azulejos assumem uma importância maior. Apesar de todos os problemas que o terramoto de 1755 criou na Igreja, a verdade é que ainda se pode admirar nas partes laterais da abóbada o trabalho executado pelo principal mestre azulejador português, além do no espaço central visualizar-se outros azulejos rococós, que se distinguem perfeitamente pelas cores douradas e roxo-de-manganés. Por último o retábulo da Capela-Mor, ao fundo da mesma, realizado principalmente em talha dourada, composto por um enorme trono e sobre o mesmo encontra-se um dossel enriquecido por Sanefas. 
Uma igreja de enorme qualidade arrisca, lindíssima, uma preciosidade da arte algarvia, que merece ser mais destacada e mais visitada. Localizada no Largo de São Francisco, frente à ria, próxima das muralhas, junto ao Convento de São Francisco que é hoje a Escola de Turismo. 
Que a mentalidade vá mudando, que o "nosso" seja valorizado, a cultura ganhe importância e o Algarve deixe de ser esta "pobreza franciscana".




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