domingo, 31 de julho de 2016

As degenerações de uma Vila Real (de Santo António)

Eu nesta cidade acho que vejo de tudo. São tantas as pequenas ilegalidades que às tantas a população já deve achar normal. Eu sei que Vila Real de Santo António, apesar do seu nome pomposo e a sua fundação nobre, continua a ser Portugal, com uma população que desconhece por completo a cidade em que vive, mas mesmo assim tem que haver limites, a câmara municipal não pode deixar tudo acontecer.
Existe um hotel no centro histórico que tem uma garagem de acesso sobre um passeio e zona pedonal. Nem devia existir um hotel naquela zona, muito menos sendo um edifício com quatro andares, nem a respectiva garagem. Mas pronto, lá está o hotel, os carros podem aceder à garagem apenas a umas respectivas horas, o problema é que os abusos da lei fazem com que haja carros a toda a hora, que entram à vontade e vão além do acesso ao hotel, transformando uma rua pedonal num parque de estacionamento.
Depois são as esplanadas por tudo o que é sítio, o passeio nesta terra ou tem carros, ou tem esplanadas, tendo muitas vezes ambos. Destaco principalmente a esplanada antes da estação ferroviária como o abuso total, que "empurra" os peões para a estrada.
Os ciclistas andam tanto pelo passeio, como pela estrada, ciclovias urbanas é coisa inexistente. Ayamonte aqui ao lado, tem ciclovia pela cidade quase toda. Não esquecer que apesar de Ayamonte ser Espanha, é também Andaluzia, uma região pobre e com números de desemprego assustadores.
As motas estacionam todas no passeio, alguns até têm o desplante de meter uma capa e de as deixar eternamente no passeio.
Marquises pela cidade toda. Casas de alvenarias e compostas com argamassas de cal, recuperadas com rebocos de cimento, daqui a uns anos choram. Carros, carroceis, bancas e afins colocadas eternamente na praça real da cidade, transformando o espaço nobre, numa espécie de feira eterna.
E hoje, na minha caminhada, descubro uma nova ilegalidade que despoletou a necessidade de escrever este texto. No bairro social em frente ao lidl, alguém decidiu agarrar nuns tijolos e cimento, construindo um pequeno espaço em frente da sua casa, no passeio público, utilizado esse pequeno espaço como uma espécie varanda/balcão privativo. Como é que é possível tal acontecer? A pessoa simplesmente chegou e tirou um espaço público.
A cidade funciona toda de uma forma muito estranha. Tem umas placas ao nível dos maiores ditadores, a glorificar as obras deste executivo. Outras placas a dizer uma hipotética candidatura a património mundial, fazendo de conta que já o é.
Mas pronto, como nós em Portugal confundimos democracia com liberalismo, achamos que está tudo perfeito e que não há nada a fazer.

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