sexta-feira, 29 de abril de 2016

Cripto-História e História do Urbanismo de Lisboa

As imagens da Lisboa Manuelina, Século XVI, da cidade antes do terramoto e da reconstrução iluminista, contam uma história muito curiosa. Por vezes é complicado de compreender a importância da Cripto-história, mas o caso da cidade de Lisboa, do seu urbanismo antes do terramoto, parece ter vários predicados do maior interesse.
Lisboa é uma cidade grande, com um número elevado de população e também tem "histórias" afastadas da realidade, talvez a minha preferida seja que o Marquês de Pombal era um visionário que preparou a cidade para os carros. Pode esta história ter um fundo de verdade? As preocupações com a mobilidade já existiam no século XVIII, mas não tem nada relacionado com o trânsito do século XX. A planta ortogonal, ou traçado hipodâmico existe desde a Grécia antiga, não tem nada relacionado com uma previsão futura dos carros. Mas passando esta minha divagação, uma outra história sobre Lisboa é que ainda bem que houve o terramoto, porque a cidade anterior era confusa, desorganizada, sem sentido e sem valia maior. As imagens das antigas ruas de Lisboa mostram o contrário, tal como o aparecimento da legislação dos séculos anteriores ao terramoto. Lisboa no dia 31 de Outubro de 1755, não era uma cidade medieval, era uma cidade que tinha tido um crescimento importante durante a modernidade, novas zonas como o bairro alto, que ainda permanece. Mas estou a tratar da baixa lisboeta. A maior edificação moderna de Lisboa terá sido o Paço da Ribeira, simbolicamente representa a mudança do poder localizado no topo da colina, no castelo de São Jorge, protegido e separado da cidade, o que opõe-se ao novo paço, aberto para o terreiro, próximo da população e até na arquitectura próximo ao que já existia na cidade. No urbanismo propriamente destacam-se as ruas novas, ruas rectas, largas, onde as edificações são todas elas compostas por grandes zonas de arcadas. Preparadas para o comércio, para um grande número de pessoas e claramente de um gosto moderno. O edificado também sofreu diferenças importantes, a rua passou a ser uma prioridade, proibindo a execução de balcões, construções avançadas que invadiam o espaço da rua, além de o urbanismo como sinónimo de poder, para isso as casas deveriam ser construídas em pedra e cal, não em madeira. É impossível saber-se de certeza como era a cidade de Lisboa, mas estes exemplos mostram uma cidade em mutação, que teria muito para contar.
Além de que a cripto-história mostra a sua importância, nem que seja para acabar com alguns mitos, mas o mais importante será que Lisboa não descobriu o Urbanismo moderno no século XVIII, os seus arquitectos e engenheiros tinham séculos de experiência e provavelmente por isso responderam de forma tão célere às exigências.

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