Eu não sou um filho do 25 de Abril, não é a minha geração, não ando com cravos, não denomino como o dia da liberdade e gosto de explicar às pessoas o que aconteceu a Grândola após essa data. Logo isto significa que não olho para actual momento político com paixão, nem o que nos foi legado desde a revolução de Abril. Gosto de democracia e de liberdade, mas a democracia em que nós vivemos sempre me pareceu fraca e pouco participativa. E gosto pouco de partidos ideológicos, nunca gostei, talvez a culpa até não seja dos partidos ou das ideologias em si, mas sim destas terem desaparecido dos mesmos.
Então onde é que entra o Integralismo aqui? Entra que é um movimento anti partidário. Na história das ideias políticas o movimento mais próximo é claramente o movimento nacionalista Action Francese, nascido em França pela mão do seu líder e figura principal Maurras. Em Portugal tem como órgão uma revista A Nação Portuguesa e a sua principal figura foi António Sardinha. Do primeiro terço do Século XX, o Integralismo vai realizar um dura crítica à revolução liberal de 1789, principalmente ao estado centralizador e ao individualismo do Homem. Para o Integralismo o Homem não existe como indivíduo, suportando-se em estudos biológicos, afirma que o Homem nasce dentro de uma família, que o Homem não vive em comunidade por querer, mas sim por necessitar. Baseando-se na família, o esquema político vai dividir-se em grémios profissionais ("famílias" de profissionais, conhecidos como sindicatos hoje em dia), que formam os municípios, que vão formar as províncias e por fim a junção das mesmas forma a nação, dirigida por um Rei. Temos então um estado bastante descentralizado, a participação democrática existiria essencialmente a nível municipal. Um esquema político muito aproximado ao que existia em Portugal durante os séculos XIV e XV. O movimento Integral procura e encontra então na história os pilares para construir o futuro.
Mas o que é que isto levanta de relevante nos nossos dias? Gosto especialmente do conceito de família como base da sociedade. Será que muitos dos problemas existentes nos nossos dias não se devem ao egoísmo do "indivíduo" que apenas quer saber de si? Sobre o estado descentralizado é curioso de ver que também é completamente distinto do que exista à época e continua a manter-se hoje em dia. Um estado fortemente burocrático, centralizador e que parece preocupar-se pouco com as diferentes regiões. Não sofremos ainda hoje em dia de um domínio excessivo de Lisboa? Mais, será que o povo berrando com o primeiro ministro participa realmente na política do estado? Não seria melhor uma participação mais próxima, que defendesse realmente os seus interesses?
Para finalizar gostava de destacar outro factor importante, a política não está morta, não atingimos a perfeição e podemos claramente modifica-la. Quem sabe, como tantas vezes aconteceu em política, olhando para o passado?
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