domingo, 26 de junho de 2016

Urbanismo Barroco

É o urbanismo barroco que concretiza o urbanismo moderno, ao contrário do que aconteceu durante o renascimento, quando as alterações urbanísticas são pontuais e as formas de viver a cidade continuam praticamente as mesmas que durante a época medieval, o barroco criou grandes planos urbanísticos, quer de reorganização e expansão urbana, quer novas planificações.
A razão da alteração do paradigma urbanístico, está fortemente relacionado com a importância de determinadas cidades que passam a acolher um poder centralizador. Essas cidades conhecidas como capitais, sedes da corte e que se sobrepõem a outras cidades dentro de um estado, são cidades que sofrem uma grande expansão territorial e crescimento populacional durante a época barroca, que proporciam a criação de importantes planos urbanísticos; planos são orientados pelo poder autoritário, do Rei, do Príncipe ou do Papa, que utiliza o urbanismo para vincar o seu poder. As grandes cidades barrocas e onde se espelha o urbanismo barroco são então as grandes capitais europeias.
O urbanismo propriamente dito do barroco, utiliza os estudos teóricos do renascimento, mas afasta-se das cidades ideiais, de cidades em que os planos urbanísticos obedecem aos princípios da ordem e harmonia do cosmos, procurando sim criar cidades em que as percepções visuais são o elemento mais relevante, conduzindo o olhar do visitante da cidade aos elementos mais importantes e representativos do poder autoritário. Para criar essas percepções visuais, o barroco vai utilizar um instrumento típico da arte moderna, a perspectiva, assumindo a mesma importância que já tinha em artes como a pintura e a arquitectura. A perspectiva adaptada ao urbanismo assenta na perspectiva viária, formando-se vias rectas,  compostas por edifícios de arquitetura uniforme. Métodos que permitem um olhar sem perturbações para a vista pretendida, muitas vezes tratando-se de praças, igrejas e palácios. Convertendo a cidade não numa cidade perfeita em harmonia com o cosmos, mas sim numa expressão do poder autoritário, onde os grandes momentos se sobrepõem e guiam os planos urbanísticos, de destacar que importância do poder no urbanismo barroco vai ser exponenciado nas cidades residência, formadas em dependência do palácio e que conduz todos os olhares, sendo o melhor exemplar o palácio de Versalhes.
O gosto cenográfico do barroco, tem na perspectiva um dos maiores aliados, criando espectáculos visuais, transformando as cidades em cenários de poder e impressionando os que têm a possibilidade de as visitar.

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